segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Janela


   Pobre vizinha que só fica na janela,
Sabe da vida de todo mundo, que horas chegam,
quem traiu, quem se apaixonou, o menino que caiu,
e a visita que chegou.
 Já está quadrada a coitada, prefere a janela á televisão.
Não sonha mais, nem espera o principe.
Sua vida passou, pouca coisa mudou,
era tímida, era caseira, estudiosa, religiosa,
isso não pode, aquilo é pecado, isso é errado,
o povo vai falar... E hoje ela é o povo.
 Bom dia, boa tarde boa noite, não falta pra ninguém.
E na madrugada qndo os cachorros latem na rua,
mesmo fechada a janela  tem uma greta, os olhos
verdes, hoje pequenos pelas marcas do tempo,
sempre atentos.
 O rapaz disse ao pai, que quer ser moderno,
pediu pra colocar uma camera em seu portão,
tudo isso é medo de ladrão?
que camera que nada, a vizinha coitadinha,
é muito mais eficaz, nada ha de passar, sem que
seja registrado em seu olhar.
Mas não a julgue, não a critique,
pq esse destino, triste e infeliz,
com fama de fifi, de fofoqueira,
é o único que ela teve, é a sua última opção.
e se isso a deixa feliz, pq não

  (Nanda Assis)

2 comentários:

PERSEVERÂNÇA disse...

Que sua semana seja repleta de harmonia e textos maravilhosos...
Bjs
Nicinha

Anônimo disse...

Nanda, peço permissão para registrar esse meu primeiro comentário em seu blog... Gostei muitíssimo do texto, um misto de prosa com poesia, super agradável de se ler... Cenas do cotidiano, com as quais nos identificamos, visto que a maioria de nós, provavelmente já teve uma vizinha que se encaixe próximo à descrição da personagem... Cuide-se bem, parabéns pela boa narrativa...