quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Vitória!

Qntas vezes precisei acender um cigarro.
Eu lutei contra isso.
Todos os dias eu luto.
Andando pela casa afoita.
Nenhum lugar por aqui me conforta.
Eu viro a noite inteira por todos os lados da cama.
Eu bebo café, refri e vodka.
Eu tenho um isqueiro verde limão.
Ele brilha no escuro mesmo apagado.
Acendo e apago.
Olho o fogo, e as vezes sopro.
Eu não tenho um cigarro.
Eu sinto falta da dor da tragada,
da tontura engraçada,
e logo em seguida da calma.
A ansiedade me faz olhar na janela minuto a minuto.
Ninguém vai chegar.
Revezo a janela com a geladeira.
Não existe nada que eu queira.
Qndo eu fumava, os problemas
eram queimados, lentamente
e sugados para dentro, resolvidos,
e soprados para fora.
Hoje eles estão acumulados
por todas as minhas partes.
Eu preciso consumi-los, antes do contrário.
Eu não tenho mais um cigarro
e lá se vão seis anos sem fumaça,
seis anos de solidão.
Alguns vicios são controlados,
mas nunca vencidos.
Eu tenho asma crônica.
Eu trago essa vontade,
mas protejo o pulmão.

(Nanda Assis)

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